No mês passado, a Anjos do Brasil realizou no InovaBra Habitat <link> um evento chamado Angel Talks. Para desmistificar o tema de investimento anjo, convidamos empreendedores do ecossistema do Habitat para conversar com investidores da rede da Anjos do Brasil e empreendedores que já receberam aporte.
Dividimos em três posts o que as investidoras Aline Souza e Cláudia Lopes, junto com os empreendedores João Kraemer, empreendedor da Nnatho Technologies, e Marcos Ramos, da Easy Crédito, mediados pela Diretora Executiva da Anjos do Brasil responderam sobre as perguntas dos presentes.
Esta é a segunda parte do relato desta edição do Angel Talks. Leia abaixo como foi a parte da conversa na qual o pessoal conversou mais sobre como é a prática do investimento anjo e da vida de empreendedor captador de recursos.
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O jargão e conceito mais famoso do ecossistema de inovação e startups, nesse evento foram usados para compreender melhor o ponto de vista do empreendedor. Da plateia, uma participante perguntou qual é a maior dor do investidor, quando avalia um possível aporte. Unânime, a resposta foi o risco. Aline disse que parece que o mercado acredita que investidores navegam num grande oceano azul de possibilidades de empreendimentos para investir. E não é bem assim, não há tantas startups no Brasil com capacidade de execução como se imagina.
Para amenizar esse risco, dois pontos foram discutidos: (i) visão de portfolio; (ii) avaliação do time que trabalha junto com o empreendedor.
Maria Rita trouxe estatísticas sobre o investimento anjo, o retorno e seus resultados. Investidores devem ter em mente que de cada dez investimentos realizados, aproximadamente em cinco, o recurso será perdido. Entre três e quatro, o retorno será mínimo; é como se empatasse o investimento. E em uma ou duas oportunidades, o retorno pagará o investimento em toda a carteira.
A Cláudia afirmou que conhecer e confiar na capacidade de execução do time que está desenvolvendo a startup é essencial e o risco de insucesso é menor, quando não só o empreendedor, mas todo seu time é de excelência.
Um dos convidados perguntou como é o logo em seguida de receber o dinheiro. “O recurso está na conta. E aí?”. Há o comprometimento com um plano, que tem que ser seguido e apresentado com clareza para os investidores. Nesse mesmo tema, o João afirmou “o dinheiro é um recurso importante, como água; ele não é só dinheiro”. De acordo com a Maria Rita, tratar o dinheiro com ética e transparência é a garantia do empreendedor de que mesmo que ele erre e perca dinheiro, em um próximo empreendimento haja credibilidade para seguir captando recursos.
Em determinado momento, João comentou que atualmente além de empreendedor também é empregado CLT em outra empresa. Um dos presentes indagou como é isso e se os investidores não exigiam que ele fosse fulltime na startup.
O esclarecimento veio da Aline, que disse que cada investidor vê isso e maneira diferente, inclusive influenciado pelo restante do time da startup. No caso do investimento na Nnatho, um dos objetivos da captação do recurso era permitir que um dos sócios deixasse seu emprego CLT para dedicar-se fulltime à empresa.
Já o Marcos, relatou que a Easy Crédito foi “engolindo” os sócios fundadores aos poucos. Conforme o modelo da organização foi sendo validado, eles foram desenvolvendo. Quando chegou em determinado ponto, abriram a empresa e a formalizaram. Com a formalização veio uma pressão para maior dedicação. Os fundadores conversaram e avaliaram por quanto tempo, com recurso próprio conseguiriam bancar a startup. Com esse planejamento, foram aos poucos deixando seus empregos e só aí, começaram captar com investidores.
Uma pergunta contundente surgiu tanto para os empreendedores, como para os investidores: “Qual foi seu maior erro?”.
João afirmou que foram contratos mal redigidos e não ter dado devida atenção para as questões legais desde o início; Marcos confessou que não é fácil acertar o time de primeira, principalmente se tratando de um negócio que não é tradicional. Ele diz: “Errei muito em gestão de pessoas. Mas quem nutri e mantive do meu lado, foi muito bom!”.
Aline disse que errou muito também nos esforços de encontrar seu papel como investidora. Há muito que aprender para alinhar expectativas e realidades dos dois lados, inclusive sobre o timing de ajudar. Relatou que algumas vezes, sentiu-se assumindo responsabilidades que não eram dela no papel de investidora.
Outra pergunta direta: Como estar preparado para o primeiro encontro com o investidor?
Não se preparar especificamente pra isso, mas sim, estar sempre preparado! Ensaiar, nem sempre serve para as situações que virão. Um trabalho de levantamento de todas as possíveis perguntas ajuda muito. No entanto, a temática da transparência, novamente, surgiu. Claro que conhecer profundamente o negócio é importante, mas ter a tranquilidade de responder que não tem certeza, ou não sabe responder alguma pergunta e que irá buscar a resposta e trazer em breve, é fundamental.
Marcos é um dos casos apresentados no curso de EAD que a Anjos do Brasil oferece. Lá, ele conta com mais detalhes o processo de investimento na Easy Crédito. Nas palavras dele, “o curso da Anjos é barato! E se quando eu estava captando para minha empresa, eu soubesse metade das coisas que está lá, eu teria cometido bem menos erros”