O significado de vender uma startup
O ato de vender uma startup simboliza diversas conquistas e tem inúmeros significados, mas a principal delas é que o negócio deu certo e atraiu a atenção de gigantes do mercado.
Foi exatamente isso que aconteceu com a Love Mondays, plataforma que ajuda profissionais a conhecerem como é o trabalho em quase 100 mil empresas, descobrindo faixas salariais, prós e contras de se trabalhar lá.
Luciana Caletti, CEO da empresa, vendida em 2016 ao Glassdoor, companhia do Vale do Silício, é uma das fundadoras do negócio, juntamente com os sócios Dave Curran e Shane o’Grady. “Sempre tive sonho de empreender. Consegui dois irlandeses que toparam a ideia de vir para o Brasil e serem meus sócios”, conta Luciana, explicando como foi o passo inicial para lançar a ideia por aqui. |
“Chegamos no Brasil em 2013 e tínhamos ouvido falar do programa Startup Brasil. Eu estava cética, mas meus sócios sugeriram que a gente se candidatasse”, diz a empreendedora, citando que, após serem aceitos no programa, ampliaram seu networking e logo foram acelerados pela ACE.
“Um ano depois levantamos a primeira rodada de investimento e, três anos e meio depois, vendemos a empresa para o Glassdoor.”, completa Luciana, empreendedora, uma das responsáveis pelo crescimento meteórico do negócio.
Como ocorreu a aquisição e como o empreendedor lida com a venda da startup
Desde sua fundação, o Love Mondays se apresentava ao mercado como parceiro de grandes players da indústria. O objetivo de seus fundadores era de aprender, compartilhar e adquirir experiências, especialmente na área de RH, um dos pontos fracos dos sócios.
Foi então que, em 2016, Luciana, Dave e Shane foram ao Vale do Silício para o Launchpad Acelerator, programa do Google para acelerar startups. “Fomos conversar com o CEO do Glassdoor, tomar um café, ele disse que estava olhando para América Latina e perguntou se topávamos fazer negócio”, explica Luciana, enfatizando que a relação com a empresa norte-americana sempre foi de admiração.
“Demos muita sorte no timing. Foi o momento em que eles queriam entrar na América Latina e nós não estávamos muito pequenos e nem grandes, o que inviabilizaria uma aquisição. Para nossos investidores também foi ótimo”, explica a executiva, que conta o passo a passo dessa negociação.
“Uma vez que tivemos essa conversa com o Glassdoor de, como eles falaram, ‘join forces’, ouvimos o que eles tinham para falar e ligamos para nosso investidor perguntando o que achava”, conta Luciana, enfatizando que sua opinião e conhecimento foi muito importante, especialmente no momento de acertar valores.
Como os sócios optaram por seguir na empresa, expandindo o negócio na América Latina, a negociação precisou ser conduzida de maneira diferente, priorizando o bom relacionamento entre as duas partes. Por isso mesmo, o investidor assumiu a conversa relacionada a valores, deixando a relação mais imparcial.
Quais são os processos indispensáveis para negociar uma startup?
Como, desde sua origem, a intenção dos fundadores da Love Mondays era obter investimento externo de um fundo para crescer rapidamente, todos os processos na empresa sempre foram conduzidos da forma mais idônea possível. “Um exemplo foi que nunca contratamos PJ, por exemplo, então não cortamos caminhos”, conta a CEO da empresa.
Por isso mesmo, quando chegou o momento de preparar a aquisição, foi realizada uma auditoria detalhada, que levou cerca de dois meses e meio. “Nessa hora agradecemos muito por termos procurado bons parceiros, como advogados e contadores, isso ajudou muito.”
Outro ponto essencial foi a admiração que eles sempre tiveram pelo Glassdoor. Desde sua criação, a empresa sempre utilizou a gigante como benchmark, inspirando-se em seus acertos e melhorando o que dava errado. “Isso facilitou muito na hora de falar com a equipe. Fizemos tudo de maneira coordenada”, explica.
Por sonhar grande, o Love Mondays sempre teve o objetivo de expandir suas operações para fora do Brasil. Agora, após a venda para o Glassdoor, os três sócios continuam operando com certa independência, com foco em Brasil, México e Argentina.
Sobre o medo da novidade, o “apego” à empresa e a incerteza sobre o futuro, Luciana é enfática: “para nós, é um novo começo, com ainda mais desafios”, comenta a executiva, destacando que uma das etapas fundamentais a quem cria uma startup é se relacionar com todos os players. “Na grande maioria dos casos, as aquisições acontecem porque há um voto de confiança no trabalho que você fez como empreendedor”, conclui.